terça-feira, 22 de setembro de 2015

QUAISQUALIGUNDUM


Por Diego Betioli

O universo dos quadrinhos, bem como o dos livros, tem o dom de nos proporcionar ricos detalhes sobre qualquer tipo de história, de qualquer tema. Qualquer um mesmo, e não há barreiras culturais quando estamos falando de arte. E porque não combinar música e quadrinhos? Estamos falando de arte!
Quaisqualigundum é mais um exemplo de como as HQs são tão ricas pluralmente quanto o universo literário. O tema? A obra do mestre Adoniran Barbosa, ícone do samba e patrimônio cultural paulistano, cujas canções foram imortalizadas em sua voz rouca e especialmente ao som dos lendários Demônios da Garoa. Quem nunca ouviu e cantarolou Trem das Onze?
Adoniran compunha sobre o cotidiano, histórias de pessoas que conhecia ou situações que presenciava, e que logo lhe davam ideias de como teriam acontecido. E isso rendeu muito samba - e porque não material literário? As histórias do cotidiano sempre fascinam, talvez pela proximidade que temos com elas. Estamos inseridos nelas!
Ou seja. a HQ dá vida aos personagens narrados em alguns dos sambas mais famosos do compositor, como Saudosa Maloca e Samba do Arnesto, explorando com o mesmo bom-humor e linguagem as situações hilárias - e por vezes dramáticas  e tocantes - daqueles sujeitos que representaram a rotina de uma São Paulo antiga, mas que ainda encontra espelhos bem atuais.



E a grande sacada de transformar os sambas de Adoniran em HQ - não apenas transformar, mas viajar neles - foi do renomado quadrinista Roger Cruz, que, entre outras atuações, foi um dos principais desenhistas dos X-Men nos anos 90. Roger, no entanto, é quem assina o roteiro - a arte fica por conta de Davi Calil, cujo traço é a síntese perfeita do estilo caricato das composições de Adoniran e o retrato de uma São Paulo bairrista e cheia de pequenas grandes histórias pra contar.
É impossível não sorrir, rir e se emocionar com cada capítulo - além de uma grande sacada do autor no final (quase um easter egg). E claro, impossível também não querer saber mais sobre Adoniran e sua obra, já que provavelmente Trem das Onze ficará em sua mente instantaneamente após a leitura.
Vale muito a pena conferir. E se possível - uma experiência que eu deveria ter feito - leia a HQ ao som do próprio. Deve ser ímpar!





Excelente! ♫ Se eu perder esse trem...♪




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